Sunday, May 13, 2007

Estendia-se sobre a sua cabeça o céu infindável de maio, em um dia suculento e convidativo daqueles que fazem a gente achar que tudo vale a pena, arriscar, arriscar, arriscar, esquecer, esquecer, esquecer o passado, enfim, há de se ter alguma graça nisso. Mil vezes ela quis o mar e mil vezes o mar recusou dar-se a ela. Foda-se? Ainda não. Ainda não porque havia impregnado em suas fibras restos semi-vivos de esperança velha e persistente. “Posso sorrir, posso me doar, posso também cheirar uma flor”. Um desejo absurdo acossava-lhe a alma humilde, mas de tão humilde que era não podia ceder. Se um segundo lhe é precioso, necessariamente nascerá o medo de que este segundo não se prolongue? Ela achava que não e, por isso, tornou-se a criaturinha mais sagrada que o mundo poderia abrigar. Fechou os olhos, pensou em coisas sujas e, de repente, surgiu diante dos seus olhos o mar.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Esse foi ótimo..Apesar de não saber se a interpretação que tive foi certa.Mas se foi, foi ótimo.

7:24 PM  
Anonymous Anonymous said...

E se não foi, mesmo assim, por ele tive uma luz.

7:25 PM  

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