Monday, October 17, 2011
Friday, December 17, 2010
Thursday, March 04, 2010
Nunca imaginei que veria lua tão dolorosa. Ela pesou sobre mim um vilipêndio enfadonho que se espalhava com fúria em meio às minhas substâncias mais fracas, fazendo com que eu sentisse na boca o sabor da felicidade alheia. A lua derramava sua vitalidade sobre outros corpos, mas não sobre o meu, permitindo-me experimentar sua recusa, sua sentença de abandono em consequência a todos os erros tortos que cometi. Há tempos não me sentia assim: subitamente não estava mais em casa, perdi o controle, o domínio da consciência, ao passo que meus pés afundavam pesados sobre a eternidade que demorava demais a ir embora, a acontecer de uma vez. Ali minha alma foi reduzida a quase nada de modo que não vi outra saída. Lancei meu corpo naqueles vales infindáveis da solidão e deixei-me cair, cair, cair, enquanto que o vento cavalgava em meus cabelos loiros, sabotava minha pele fina, desprevenida, abusando indiscretamente de minha existência desistida. Quando minhas partes já estavam extremamente perto daquele terreno maldito, daquele fim desesperadamente desejado, eu
acordei.
acordei.
Thursday, November 26, 2009
I love to say I hate you
Because it means that I will live my life happily without you
or will sadly
live a lie.
(Ben Harper)
Because it means that I will live my life happily without you
or will sadly
live a lie.
(Ben Harper)
Monday, October 12, 2009
Céus, como eu queria que aquele pássaro pousasse de novo em meu travesseiro, como queria que ele derramasse sobre mim todo o peso de suas habilidades. Eu passaria bem de leve as mãos por suas curvas tão perfeitamente modeladas e beijaria as flores que foram deixadas sobre a minha cama! Aqui, no meu pedacinho do mundo, ainda sinto a presença calma da felicidade, bem como o som exuberante de sua música! Sempre abro dentro de mim todas as janelas possíveis para que ele volte, porque pior gaiola é aquela que se constrói dentro do peito, ali onde um músculo pulsa pela vida! Saibam que eu choro sim! Eu choro esta ausência por nós dois e espalho deste modo minhas partículas de dor e de saudade pela atmosfera úmida sem, todavia, manchar a beleza de nossos momentos, sem lamentar cada despedida necessária para o nascimento de um novo encontro. Prometi não mais atraí-lo para as armadilhas do meu abraço e, em contrapartida, ele enviou-me a mais honesta poesia: “liberdade, é o que quero dizer”.
Thursday, August 27, 2009
Pelo telefone a voz dele tocava todo o meu corpo, adentrando-se em minhas células sem pedir licença, deslizando pelo meu íntimo e rebrotando na superfície da pele com a glória dos que voltam. Foi com o coração latejando e as mãos geladas afundadas no peito que esqueci de dizer o quanto sentia saudades. Só nos encontramos quando estamos com a cabeça no mundo da lua, a nossa conexão tão secreta: em qualquer lugar que estivermos basta olharmos a lua e saberemos que estamos olhando para o mesmo lugar. Eu-ele: meu lugar preferido, meu sabor preferido. O que sinto não tem nome, mas já foi confundido com pérolas, já foi confundido com o infinito da música, com o vazio da solidão. Na seqüência abstrata de momentos de minha vida e na riqueza explícita de cada estação eu espero por ele e por todas as rainhas que habitam cada cubículo de sua existência.