Friday, May 15, 2009

Ele se assustou porque o choro veio fácil e olhava deslumbrado o filete que escorria na porcelana. Estranha era essa criatura que vinha de outro planeta, pensava, porque ela se atentava a todos os detalhes possíveis para depois transforma-los em poesia e, além disso, tinha esse olhar de despedida que muito parecia um ritual de incertezas! Ela, por sua vez, esforçava-se para aprender com ele que as pessoas são da terra e nela permanecem, enquanto que o coração, este derrete-se e reconstitui-se a todo o instante, como a fênix inevitável da paixão. “Não esperar nada de ninguém”. Mas isso só faria sentido mais tarde.

Saturday, May 09, 2009

Tão vasto é aquele peitoral que eu poderia construir lá a minha casa. Um terreno infindável orvalhado por este suor tão outonal que acossava profundamente meus instintos: ele me apertava contra si com tanta fúria! e sussurrava palavras que não sei ao certo se podia compreender – “Liberdade, é o que quero dizer.” Ele que não digere o que é subjetivo, ele que consegue me olhar por dentro, ele que me transmite uma calma tão plena que confundo com sono, é o mesmo Ele que vai embora (mas não quero pensar agora). Onde vou colocar minhas mãos quando não puder mais entrelaça-las em seus cabelos recém lavados? (Não quero pensar agora). Quem vai beijar-me os olhos, o nariz, a testa com tanto afeto quando ele se for? Só quero ficar acordada a noite inteira olhando ele dormir, só quero embriagar-me com seu riso, só ouvir com atenção os ruídos sublimes de seu corpo. E depois que ele se for eu prometo que