Friday, August 26, 2005

Um Céu frágil e um Inferno iminente.

Era tão lindo, mas tão tão lindo! que eu sentia vontade de berrar cobiça e escalar as montanhas mais altas do descaso por pura inveja. Ele espalhava pelo ar algo tão belo e torrencial que poderia atravessar meus poros e penetrar nas minhas carnes, não fosse tão agudo e doloroso, principalmente: incompatível. Não podia ser refletido nas minhas células e isso me matava! Eu podia ouvi-lo dizer que eu ficava bem melhor daquele jeito que eu estava, de joelhos. E a sonância era tão perfeita e aveludada que humilhava a voz da Joni Mitchell 152 vezes. Eu o amava com tanta força, porque, veja bem, tudo nele era tão fácil de ser amado. Subitamente, eu sentia todo o meu amor se esvair e ser substituido pelo ódio mais cruel que já foi sentido. E aí, esses sentimentos iam se mesclando e se debatendo dentro de mim... eu já não sabia onde eu começava e aquela barbárie-tão-bela-de-vida terminava. Eu só sabia que não havia espaço para a indiferença ali. Esse tipo de coisa a gente aprende vivendo (e olha só eu dizendo como se tivesse vivido desde sempre). Minha boca se movia, débil, quase imperceptivelmente: "Don't leave me, i'm hurting", sussurrei. Um amor tão frágil e um ódio iminente causado pela possibilidade de recusa.
Ele nunca seria meu...

Monday, August 22, 2005

or "When I'm Like This."

If you walk out the door
Will I see you again?
If so much of me lies in your eyes

I am hungry again, I am drunk again
All the money I owe to my friends
When I'm like this
how can you be smiling, singing?
How can you be sure I don't want you?
How can you be sure I don't want you?
How can you be sure I don't want you?

I don't want you, I don't want you anymore
I don't want you, I don't want you anymore.

(Radiohead - How can you be Sure?)

Wednesday, August 17, 2005

A primavera da Humanidade

Eu corri bravamente para alcançar o ônibus que estava parado no ponto. A minha pele expulsava aquilo que denunciava o meu estado. Na placa do ônibus eu pude ler: Jardim do Éden - leste. É esse mesmo, pensei. Então subi. No meu fone de ouvido a música anuciava: "This is the end. This is the end of the world."
Sentei, ajeitei o cabelo, limpei o suor da testa com as costas da mão e... PAREI. Não sei bem por quanto tempo eu fiquei assim, absorta... talvez 1 minuto, 10 minutos, 1 ano! Pensei nos meus pecados e, principalmente, no pecado que tinha acabado de cometer. Ahhhquele! era, sem dúvida, o mais grave de todos. E por isso me dirigia àquele refugio, a leste do Éden.
Senti cheiro de flores pisadas, como se estivesse prevendo. (Apesar do medo balbuciar ameaças ao pé do meu ouvido) Eu estava extasiada. Tonta de felicidade. 'E daí que o meu pecado não tem perdão? Deixe a chuva cair, eu não me importo!'

Mas, percebam, eu não estou falando dos pecados do amor...

Monday, August 01, 2005

About him

I met a woman
She had a mouth like yours
She knew your life
She knew your devils and your deeds
And she said:
"Go to him, stay with him if you can
Oh but be prepared to bleed"
(Joni Mitchell - A case of you)