Tuesday, August 29, 2006

Eu percebo a vida acontecendo no meu corpo, rápida, sem cautela, impiedosa. Agora eu cheguei aos 20. Complexo edipiano e lutos pela infância superados, de repente eu me deparo com a internalização de uma mulher pronta. Um corpo delineado para o proibido, pêlos, dores pouco poéticas, mas intensas e reais, boca escarlate, zonas erógenas, pele pálida, tão pálida que não mente. Eu que nem sabia aonde poderia chegar, veja só, como é barbára e profunda a possibilidade dessa transformação. É como apalpar o chão com os olhos vendados sem saber o que há pela frente. Um abismo ou um jardim? É como surpreender-se.
(Re)Vivia o passado com uma saudade que apertava. A feição era carinhosa. Pensava "chora, chora!" mas não chorava. A música fazia "itiuuu, itiuuu" e ela apertava contra o peito as mãos doidas, massageava o coração que estava bobo de amor, um amor quase viúvo. O sexo era triste, as violetas eram velhas. Lábios demais, olhos demais. Era tanta saudade que formava até poça, que doía quente de desejo. Sentia tanto! Sentia tanto!! e suspirava engasgada porque não lhe restava mais nada.

Thursday, August 10, 2006

A minha alma penitente e rochosa pesa sobre mim a culpa de mil pecados. Nada de sublime brota, como em um pedaço de chão seco e rancoroso. Nada dispertará novamente a volúpia antes abusada sem pudor pelos meus sentidos. O meu mundo outrora coberto por aquele velho lençol branco está contaminado e torto. Atraída por promessas da luxúria e traída pela fraqueza de meus sentimentos de pejo, mergulhei nas águas profundas do pecado: o amor profano, a satisfação clássica e abundante dos sentidos, a embriaguez sensual dos decadentes. Agora o remorso me tráz uma angústia inquietante e triste. Gostaria de ser transformada em flores.

Wednesday, August 02, 2006

Oh baby, burn!