Thursday, May 24, 2007

No vai e vem daquela florzinha, ainda fresca e orvalhada, ela ia marcando o tempo que passava despretensioso e pautado. Deitada no campo sobre minúsculas criaturas sentia o seu corpo derretendo em forma de amor enquanto os seus pensamentos se dirigiam sempre àqueles delírios soltos, àquela paixão doida. Era ele que me salvava vidas. Era ele que fazia brotar em mim um sorriso bobo e pleno. Justo ele, tão frágil que se escondia atrás dos próprios cabelos lânguidos e molhados, reinventando o mundo como se lhe fosse permitido. O campo cheio de horizontes flutuantes a afastava do amor e tudo o que ela queria era se aproximar de algo que fosse menos dolorido que a saudade. I need you here drowning deep inside of me.

Sunday, May 13, 2007

Estendia-se sobre a sua cabeça o céu infindável de maio, em um dia suculento e convidativo daqueles que fazem a gente achar que tudo vale a pena, arriscar, arriscar, arriscar, esquecer, esquecer, esquecer o passado, enfim, há de se ter alguma graça nisso. Mil vezes ela quis o mar e mil vezes o mar recusou dar-se a ela. Foda-se? Ainda não. Ainda não porque havia impregnado em suas fibras restos semi-vivos de esperança velha e persistente. “Posso sorrir, posso me doar, posso também cheirar uma flor”. Um desejo absurdo acossava-lhe a alma humilde, mas de tão humilde que era não podia ceder. Se um segundo lhe é precioso, necessariamente nascerá o medo de que este segundo não se prolongue? Ela achava que não e, por isso, tornou-se a criaturinha mais sagrada que o mundo poderia abrigar. Fechou os olhos, pensou em coisas sujas e, de repente, surgiu diante dos seus olhos o mar.