Friday, November 28, 2008

Hoje sou um rio ressecado. Meu trajeto dolorosamente interrompido se finda no verbo do abandono, bem ali na terceira margem de Rosa. É tão sem beleza ressecar-se! E dói. Quando sinto dor – agora enquanto mulher – entrelaço os dedos de minhas mãos magras nos dedos dos meus pés e me abraço como se eu fosse o mundo. Então pulso... e pulso... Veja o que você fez com os meus olhos-claros! Agora são duas “luas caídas”. Eu seria tão, tão maior se você tivesse me preservado. Não há mais pactos de cuspe, não há mais o seu casaco abraçando as roupas do meu armário, nem bilhetes secretamente implantados nos lugares. Eu quero queimar isso tudo e começar algo que um dia eu possa ter por inteiro. E dói. Cada respiração parece ser um pouco de vida que deixa o meu corpo. Eu não tenho ninguém pra me beijar por dentro. Ainda.

Thursday, November 20, 2008

I can't see my reflection in the waters
I can't speak the sounds that show no pain
I can't hear the echo of my footsteps
Or can't remember the sound of my own name.
Se ao menos o meu amor estivesse aqui
E eu pudesse ouvir seu coração
Se ao menos mentisse ao meu lado
Estaria em minha cama
Outra vez.

(dylan)

Saturday, November 01, 2008


Os dias que passam deixam fissuras na nossa pele e mesmo assim continuamos servindo chá para as visitas e lendo jornais em períodos matinais. Qualquer sopro poderá desfiar essa teia delicada de que falo tanto, e aí as pérolas se esparramarão pelo chão e os cacos de vidro espetarão nossos pés. Mas pior dor é a do amor, porque o grito não cabe dentro da boca, volta pela garganta e fica lá apodrecendo em nossos sótãos. Abandonar se tornou o mais pesado dos verbos. Como tudo o que está-na-sala-de-estar. Abandonei! Eu o abandonei! Nem mil orações, nem mil pedidos de perdão embalarão esta culpa embriagada. Nem a mais esguia e alva das santas a perdoaria. Porque uma pessoa tem que saber o tamanho que tem.